terça-feira, 10 de dezembro de 2019

natureza morta

Atravesso a rua com falsa pressa. A lama tóxica rompe as barreiras. São lágrimas; deixam sulcos na minha casca... Rasos, perto dos que eu tenho dentro dela.
O vento me sopra e incomoda; um carinho que eu não mereço. Queria estar dormente como meus pés estão. Raízes podres? Não sei. Movem-se sozinhas, desconectadas de mim. Talvez elas que atravessem a rua.
Eu ainda estou aqui.

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

aleluia

Aleluias são cupins.
Cupins que acasalam (fazem amor?), arrancam as próprias asas e criam uma nova colônia (família?) juntos...
Borboletas, joaninhas, libélulas - nada disso!
Românticos são os cupins...

Meu gato comeu todos.

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

o oco

Só comigo
Troco soco
Peso morto...
Me dou o troco

Grito!

Deito
Pisco

Fosco...

Preto...
 
............

     ...Perco.


10/19

c a c o s


Tomar café fora me traz de volta à essência: suco de laranja só de manhã, como deve ser. O pãozinho na chapa parece ficha de orelhão. 
Hoje sou uma personagem mais profunda no filme da minha vida.
Penso em voltar ao teatro, à dança; agora já penso ser suficientemente estilhaçada para viver outros viveres. 
Sinto que poderia apanhar rindo... hahaha!!!
Ácida, envenenada, seca. 
Meu id aflorou na pedra. Tem gosto de ferro. 
Reflito o mais lindo arco-íris... ilusão de ótica. 
Sou um poliedro espectral, cintilando em vidro... espelho... insulfilme?

10/19

sábado, 24 de novembro de 2018

modernidade

Meus olhos pesam
Meus nervos doem
Meu ar não vem

Meu corpo solta
A escada fica
O céu não brilha
Nem eu

Aprenda a fazer almôndegas de peru em 20 minutos

outubro chove

Chove.
Domingo, 7 de outubro de 2018, e chove.
A chuva ácida que choveu no último mês... ainda chove. Mas ela não.
Hoje chove frio, fino, tímido.
Trovões modestos, risos de desespero.
Hoje chove letárgico, melancólico. 
Hoje eu chovo também.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Pecado

Serpentes se enlaçam atrás da maçã
E o néctar doce embriaga a artesã
Que tece sutil na colcha suada
Embebida em desejo de peles marcadas

Visceral foi o choque entre dois Universos
Lado a lado, brilhantes, olhando de perto
Os outros em frente, anseio indiscreto
Sorrindo de alívio e de dor desse afeto

Grito seco, surtando, a cara amassada
Confuso, pensando, a visão embaçada
Em quão intensa a fusão de duas almas
Pode vir de uma vez de uma só cavalgada